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sexta-feira, 11 de março de 2011

O Santo Inquérito de Dias Gomes no Teatro Municipal da Cabo Frio

Nesse nosso tempo do retôrno da intolerância religiosa, onde o preconceito cresce por conta da crendice fanática e de outros tantos se matam em nome de um fundamentalismo retrogrado, nada melhor do que conversar sobre o assunto assistindo uma leitura cênica dramatizada do Santo Inquérito do excelente Dias Gomes autor de várias obras do teatro, da televisão e do cinema como O Pagador de Promessas e Saramandaia. O Santo Inquérito que será interpretado pelos atores Diogo Cavalcante, Guilherme Guaral,Fernando Chagas, Jiddu Saldanha, Wilson Miranda, Fernando Chagas, Manuela de Lellis terá ainda a iluminação de Bruno Peixoto, sonoplastia com inserção visual de Ravi Arrabal e direção de José Facury Heluy.
A produção que tem o patrocínio do Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro conta a história, tida como factual, da Branca Dias, jovem paraibana que no século dezoito foi levada juntamente com o seu noivo à fogueira da Inquisição por conta de ter salvo um padre de morrer afogado em um rio, fazendo-lhe respiração boca à boca. Após a encenação haverá um debate com a platéia.
Teatro Municipal de Cabo Frio
Domingo, dia 20 de março às 18 horas
Entrada: um quilo de alimento para as vitimas da Região Serrana
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Não mate a rosa!

Cara Beth, recomendado por você, li o artigo de Marjorie Rodrigues, no qual a autora dispensa a rosa como presente no dia 8 de março, dia dedicado à mulher (?!). Muito bom e obrigado por chamar nossa atenção para o artigo. Entendo que o dia da mulher são todos os dias e para agradá-las deveríamos presenteá-las diariamente. Estou solidário com as colocações feitas por ela a respeito desta falta de respeito à mulher. É um absurdo o que observamos por aí. Os aspectos desrespeitosos que envolvem a mulher são históricos, tradicionais e necessitam, realmente, serem revistos e retirados da pauta da vida. Natural que haja um brado de revolta.
Há um problema, tenho a dizer à Marjorie, a você e a todas as mulheres: “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais” (cantava Elis Regina). Isso é um ponto fundamental nas relações sociais. O mundo evoluiu tecnicamente, mas a personalidade humana permanece. Continuamos usando apenas 10% da nossa capacidade intelectual. Inventamos tudo, mas ainda não conseguimos desenvolver plenamente o respeito à mulher.
Cientificamente podemos dizer que o cérebro é um dos mais incríveis órgãos do corpo humano. Ele controla o sistema nervoso central, mantendo-nos andando, falando, respirando, pensando e imaginando coisas. O cérebro é incrivelmente complexo, sendo composto por mais ou menos 100 bilhões de neurônios. Tanta coisa acontece no cérebro que existem vários campos diferentes da medicina e da ciência devotados a tratá-lo e a estudá-lo, incluindo a neurologia, que trata distúrbios físicos do cérebro; a psicologia, que inclui o estudo dos processos comportamentais e mentais; e a psiquiatria, que trata doenças mentais e distúrbios. Alguns aspectos de cada um tendem a se sobrepor, e outros campos se cruzam dentro do estudo do cérebro também.
Essas disciplinas estão aí de alguma forma desde os tempos antigos, por isso você poderia pensar que até o momento já deveríamos saber tudo o que há para saber sobre o cérebro, que deveríamos ter evoluído plenamente para não contrariar a Teoria da Evolução de Charles Darwin . Nada poderia ir além da verdade. Depois de milhares de anos de estudo e tratamento de cada aspecto dele, ainda há muitas facetas do cérebro que permanecem um mistério. E porque o cérebro é tão complexo, tendemos a simplificar a informação sobre como ele funciona para torná-lo mais compreensível. É porque somos submissos ao “novo que sempre vem” e nos torna cada vez mais encabrestados as doutrinas e dogmas, estabelecidos pelas elites econômicas mundiais.
Pois esse é o nosso principal problema: capacidade de discernir o certo do errado, da verdade e da mentira, do bem para o mal. Enquanto usamos apenas 10% (e tem gente que não consegue usar nem 1%) deixamos que outros pensem por nós, que criem estereótipos, preconceitos, dogmas, enfim, em alguns milhares de anos de experiência, a humanidade ainda não se organizou de forma a conquistar a verdadeira liberdade. Ainda observamos massa de manobra, clientelismo político, etc.
Conselhos, comissões, partidos, igrejas, sindicatos, associações, justiça, governo, agências de propaganda, canais de TVs, indústria cinematográfica de Hollywood são alguns dos exemplos que podemos citar de elemento usurpador de nossa capacidade intelectual, da nossa inteligência, da nossa liberdade de agir e falar. Imagine que conheço pessoas que passam a maioria das 24 horas do dia em frente à TV assistindo Big Brother. É demais para minha capacidade intelectual.
A rosa, minhas queridas, embora flor delicada, cheirosa, que efetivamente deveria representar a imagem da mulher, lamentavelmente, hoje representa, concordo com Marjorie, a pior coisa que uma mulher pode receber e como ser lembrada. Não se respeita nem a rosa, nem a mulher.
Como exemplo, imagine uma cena hilariante: um par de funkeiros românticos (coisa mais difícil de acontecer) em um jardim (ufa! Que mentira!) ele entregando a ela um botão de rosa, enquanto, no mais alto volume, o som de seu carro com a porta aberta, se ouve o pancadão: “só as cachorras, as preparadas, as popozudas” e “vem prá cá que eu sou tigrão, vou te dar muita pressão, quando vejo um popozão, rebolando no salão...”
Parece, minhas amigas, que a coisa é muito mais séria, que anda muito pior para os lados das mulheres. Noutro dia, fiquei analisando o noticiário nacional e cheguei a uma conclusão: paulista (que representa o homem machista) não gosta de mulher. Porque isso? Por que o noticiário tem revelado inúmeras reportagens de homens matando indiscriminadamente mulheres.
E por certo o homem não gosta mesmo muito da mulher. Existe uma aura machista em torno da cabeça da maioria que enxergam a mulher como objeto de desejo. Claro que muitas mulheres, essas que a professora se refere nos comerciais, mostrando a bunda na TV, na revista, etc., contribuem excessivamente para isso. Mas não se pode, nem se deve generalizar.
Porém, é necessário que os homens parem para uma reavaliação da relação homem/mulher. A mulher é um ser determinado a conquistas (tem nada a ver com conquista amorosa) enquanto o homem, em sua maioria, se satisfaz em adquirir, um cervejão, uma devassa...
Só tenho a enaltecer o valor da mulher nessa relação. A começar pela minha mãe, D. Nely, que criou nove filhos com muita bravura e fazendo mágica com o salário de funcionário público de meu pai, Alberto. Vejo a mulher moderna como um ser versátil e de grande capacidade: profissional, mãe, amiga, doméstica, consoladora. Tudo isso a mulher consegue fazer em menos de 24 horas por dia.
Despedindo-me, solicito que Marjorie Rodrigues, que Beth Michel, a professora Denise, que comentou o artigo e demais mulheres, observem nesta vida, que existem homens que reconhecem o valor da mulher sem se utilizar dos simbolismos inculcados na cabeça daqueles que não se esforçam para desenvolver sua capacidade intelectual, seu discernimento. Existem os homens que se satisfazem com apenas 10% do cérebro, mas há outros que buscam desenvolvê-lo para que possa enxergar coisas mais bonitas onde as mulheres estão incluídas e que se recusam veementemente a matar uma rosa para atuar hipocritamente, globalizadadamente, contra a mulher.
Então, na me resta mais a dizer senão: parabéns as mulheres ora representadas por Marjorie Rodrigues, professora Denise, por Beth Michel e por minha mulher, Tania Rodrigues.
Tô com vocês e não abro!

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